[Santo Agostinho]
O
que és, portanto, meu Deus? O que és, pergunto eu, senão o Senhor meu Deus?
“Quem é, pois, senhor, senão o Senhor? Ou quem é deus, senão o nosso Deus”? Ó
altíssimo, infinitamente bom, poderosíssimo,
antes de todo poderoso, misericordiosíssimo,
justíssimo, ocultíssimo, presentíssimo,
belíssimo e fortíssimo, estável e
incompreensível, imutável que tudo muda, nunca novo e nunca antigo,
tudo inovando (Ap 21:5), conduzindo á decrepitude os soberbos, sem que disto se
apercebam (Jó 9:5), sempre em ação e sempre em repouso, recolhendo e de nada
necessitando; carregando, preenchendo e protegendo; criando, nutrindo e
concluindo; buscando,
ainda que nada te falte. Amas, e não te apaixonas, tu és cioso (Gl
2:18; Zc 1:14; 8:2), porém tranquilo; tu te arrependes sem sofrer, entras em
ira (Êx 4:14; Rm 9:12,13,18), mas és calmo; mudas as coisas sem mudar o teu plano;
recuperas o
que encontras sem nunca teres perdido; nunca estás pobre, mas te
alegras com os lucros; não és avaro e exiges os juros (Mt 25:27), nós te damos
em excesso (Lc 10:35), para que sejas nosso devedor. Mas, quem possui alguma coisa que não seja
tua? (1 Cr 29:11,12) Pagas as dívidas, sempre sem que devas a
ninguém, e perdoas o que te é devido, sem nada perderes.
Mas,
que estamos dizendo, meu Deus, vida da minha vida, minha divina delícia? Que
consegue dizer alguém quando fala de ti? Mas ai dos que não querem falar de ti,
pois são mudos que falam. [Confissão. pp. 21,22).