quinta-feira, 13 de novembro de 2014



           Ricardo Gondim - com os meus acréscimos.
Chacais e colibris não se alimentam nas mesmas fontes. Ratos e leões não partilham da mesma lama. ‘Vira-lata’ não conhece ‘pedigree’. Nem todos os gatos são pardos; nem todos os sacerdotes pertencem à mesma laia. Ledo engano[1] é querer ‘se igualar...” É tentar mudar a pele do etíope (Jr 13:23). É querer que Chacais e Colibris se alimente nas mesmas fontes. Que ratos e leões partilhem do mesmo ‘manguezal’.  Mesmo que o céu pareça indiferente ao riso da hiena, mesmo que a lua empalideça com o vôo do abutre, o ímpio não subsistirá na congregação do justo (Sl 1:5).


[1] Ledo engano é um termo usado quando alguém cometeu um erro ou engano, geralmente de boa-fé, ou seja, quando a pessoa não tem a intenção de fazê-lo.  A palavra ledo vem do latim e significa risonho; alegre", portanto a expressão significa engano alegre. Geralmente utiliza-se a expressão ledo engano quando uma pessoa não tem consciência do engano, pensa estar acertando e fazendo algo para o bem... Segundo o dicionário Houaiss, ledo engano é aquele gerado sem malícia, de boa-fé...
Bastará uma breve aragem para eles se espalharem como a moinha no deserto. “Toda planta que meu Pai celeste não plantou será arrancada” (Mateus 15:13).  Israel e sua casta dominante feita de fariseus não é a vinha plantada por Deus, mas um matagal agreste.[1] Um ‘terreno assoreado’.[2] Só fica na casa de Deus quem é de Deus! Se for de Deus, resistirá. Se for do homem, ruirá.  As mal ensaiadas pantomimas e arengas eclesiásticas merecem ser expostas ao ridículo. Causa asco o sorriso manso e esfomeado dos apanagiados do templo. A lã que agasalha lobos mal disfarçados de ovelhas já cheira a mortalha. A sombra dos vampiros religiosos já se projeta na parede como um espectro demoníaco. Não tarda o dia para que os bufões, que não gaguejam suas verborragias, sejam desnudados em suas falácias. Não se ouvirá o tilintar dos cobres em seus gazofilácios. Antes que a obra de cada passe pelo fogo, alguém tem que clamar chega, basta! Que os escarnecedores saibam que seus disparates e estultícias chegaram aos ouvidos divinos. Sim, o Justo não tolera o mercadejamento da verdade, a banalização do sagrado e o aviltamento da ética. Que as massas se unam contra os cambistas que rastejam pelos corredores da cristandade. É preciso nascer novos Elias; alguém precisa ensinar o povo a gritar chega! É preciso rechaçar o conselho cauteloso dos apóstolos postiços antes que as pedras clamem por justiça. Que sumam os aproveitadores da credulidade de quem sofre. Que os anjos separem o joio do trigo e o Supremo pastor aparte as ovelhas dos bodes. E seja alardeado de cima do telhado, tudo o que foi praticado na surdina. Que venha o Dia da Vingança!



[1] Agreste (do latim: relativo ao campo, campestre, campesiano, capoeira, colono) designa uma área na Região Nordeste do Brasil de transição entre a Zona da Mata e o Sertão, que se estende por uma vasta área dos estados brasileiros da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Possui como características principais solos profundos (latossolos e argissolos), com relevo extremamente variável, associados a solos rasos (litossolos), solos relativamente férteis, vegetação variável com predominância de vegetação caducifólia (decídua - Na botânica, caducifólia, caduca ou decídua). É uma área sujeita a secas... O Brasil possui 4 pólos principais: Campina Grande (principal do Agreste Setentrional), Caruaru (principal do Agreste Central), Arapiraca (principal do Agreste Centro-Meridional) e Feira de Santana (principal do Agreste Meridional... Em resumo: é uma das vegetações mais feia e triste que os olhos podem contemplar...
[2] Assoreamento é o processo em que se observa no leito dos rios lagos acúmulo de detritos, lixo entulho e outros, no fundo dos rios e lagoas interferem na topografia de seus leitos impedindo-os de portar cada vez menos água, provocando seu transbordamento em épocas de grande quantidade de chuvas e tornados. O assoreamento cria ainda uma vegetação daninha que tira o oxigênio e impede o crescimento de qualquer outra vegetação nativa...

domingo, 27 de julho de 2014

A BÍBLIA COMO INSTRUMENTO DA MISSÃO DA IGREJA.

Parafraseando as palavras do poeta Castro Alves no que diz:

 


Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe — que faz a palma,
É chuva — que faz o mar.

Parafraseando:

Oh! Bendito o que semeia
Bíblias... Bíblias à mão cheia...
E manda o povo ler e pensar!
A Bíblia caindo n'alma
É germe — que transforma a alma,
É Cristo — que transforma vida e leva para o céu!





SEM A BÍBLIA A EVANHELIZAÇÃO E MISSÃO DA IGREJA ESTÁ COMPROMETIDA.
SEM A BÍBLIA NÃO TEMOS NADA PARA OFERECER.


“Sem a Bíblia, a evangelização do mundo é impossível, pois sem ela não temos nenhum evangelho para levar às nações, nenhuma garantia para oferecer, nenhuma ideia de como fazer a tarefa e nenhuma esperança de sucesso. É a Bíblia que nos dá o mandato, a mensagem, o modelo e o poder de que precisamos para a evangelização do mundo”
O ponto de partida e o ponto de chegada em qualquer consciência missionária está no ‘Manual de Instrução’ de Deus, a Bíblia.


Sem a Bíblia, a evangelização do mundo seria não apenas impossível, mas também inconcebível. A Bíblia impõe-nos a responsabilidade de evangelizar o mundo, dá-nos um evangelho a proclamar, diz-nos como fazê-lo e declara-se o poder de Deus para a salvação de cada crente. Além disso, é fato, na história passada e contemporânea, que o grau de compromisso da Igreja com a evangelização do mundo é proporcional ao grau de sua convicção da autoridade da Bíblia. Sempre que o cristão perde a confiança na Bíblia, seu zelo pela evangelização acaba se esvaindo. Inversamente, se ele estiver convencido acerca da Bíblia, estará também determinado a evangelizar (John R.W. Stott R.W. Perspectivas no movimento cristão mundial. p. 19).
A bem da verdade, a Bíblia tem sido pouco utilizada nas atividades diárias e evangelísticas da igreja.

A ERA CRISTÃ ESTÁ PASSANDO!!!
APENAS LENÇOIS DE LINHOS E VISÕES DE ANJOS.


O desafio religioso de ontem requeria de nós que não perdêssemos de vista a transcendência da fé enquanto acentuávamos a dimensão da encarnação dessa mesma fé. O desafio religioso dos dias atuais requer que não se perca de vista o caráter absoluto da fé e a realidade convencional e ética do evangelho. Às vezes, no entanto, nos parece que esquecemos que esta é uma oportunidade ao mesmo tempo rica e perigosa. É preciso discernir que a ‘abertura’ para a religião não é sinônimo de ‘doxologia’ e sede do Deus da Bíblia. Que a busca da ‘experiência’ não nos leva, necessariamente, aos pés da Cruz. Que o encontro com a transcendência não quer dizer que ouve um encontro real com Cristo crucificado.
No texto de Lucas 24:13-35, os discípulos decepcionados fazem referência a um encontro que não aconteceu. Pois na busca pelo corpo de Cristo crucificado, dá-se um encontro com anjos, que anunciam que o Cristo já não está morto, mas vivo. Mas, como diz Lucas, “a ele não o viram”. O Evangelho de João fala dos lençóis de linhos (João 20:1ss)., que dão a pista mas não concretizam o encontro com o Cristo crucificado. Confesso que um dos temores que transita o meu coração, é que nestes tempos de sede e abertura religiosa (numerologia/ frenesi/politicagem...), a igreja não esteja levando as pessoas para além de um encontro com os ‘”lençóis de linhos”. Às vezes até está promovendo visões e “encontro com anjos”. Mas ao final desde caminho, é sempre difícil e trágico ter de concluir que “a ele não no viram”.
A fé cristã quer ir e vai além dos “lençóis de linhos” e das “visões de anjos”. A fé cristã nasce e culmina no encontro vivo com o Cristo ressurreto, que carrega nas mãos as marcas da crucificação. Nada mais nada menos do que isso. E se não chegarmos a este encontro com o Cristo da Cruz, e de Lucas 4:18-19, tudo o que temos é movimento religioso. Realidade virtual, frenesi religioso, com gosto falso de experiência cristã. Experiência essa, onde os templos continuam com sua lotação máxima, mas o mundo continua se desintegrando em sua putrefação e decomposição moral e social.
______________________
Rev. Misael Ferreira de Oliveira. Trabalho apresentado ao Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ) como parte dos requisitos da Estrutura Curricular do curso: Mestrado em Divindade - Magister Divinitatis (M.Div) com ênfase em Plantação de Igreja e Missões Urbanas. p. 08

quinta-feira, 19 de junho de 2014

CORPUS CHRISTI: VOCÊ SABE O QUE ISSO SIGNIFICA?

Hoje (19/06/2014) visitei o centro da cidade de Cabo Frio, RJ. Apesar do tempo chuvoso, pude ver ali centenas se não milhares de pessoas principalmente jovens envolvidos no que a ‘Igreja Romana’ chama de “expressões artísticas”. ‘CARRADAS e mais CARRADAS’ de caminhões (não estou exagerando em dizer CARADAS) de SAL espalhadas pelas ruas.
CORPUS CRISTI é uma das grandes HERESIAS da HISTÓRIA.
A origem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao século XIII. A Igreja Católica Romana sentiu necessidade de realçar a PRESENÇA REAL DO “CRISTO TODO” (Carne, sangue, órgãos, unhas, cabelo, ossos, pele, fezes ou excrementos... em fim, o “Cristo todo”) no pão consagrado. A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV com a bula Transiturus de hoc mundo de 11 de agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes.
 Antes do dia 11 de agosto de 1264 a Igreja Cristã amparada pela Bíblia não cria absolutamente em nada disso (não existia o dia de CORPUS CHRISTI” na Igreja Cristã – foi instituído pelo Concílio vaticano). Da mesma forma, os genuínos cristãos atuais não podem aceitar tais ensinos que não tem qualquer amparo na Bíblia, a Palavra de Deus.
O BRASIL É UM PAÍS INCREDULO. UM GRANDE CAMPO MISSIONÁRIO!!!  “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa.” (João 4:35).
Jerusalém é a cidade onde vivemos. E o “ide” de Jesus não significa que eu não possa ficar. Não se trata necessariamente de uma questão geográfica. O chamado pode se estender até a ‘Bolívia’ sem jamais esquecer-se da ‘Olívia’ (sua cidade, seu bairro, sua rua, seu condomínio), a igreja local precisa evangelizar visando tirar o homem do mundo e devolvê-lo ao mundo, transformado, com novas convicções e novos padrões.

Rev. Misael Ferreira de Oliveira





 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

GENEBRA E O NORDESTE BRASILEIRO: CONTRA SENSO IRECONCILIÁVEIS

Um dos capítulos do trabalho do Rev. Misael ao Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper – SP – Intitulado:
 DIAKONIA NA MISSÃO IGREJA
Pietas et  etiam caritas
O culto devido a Deus (pietas) e o amor devido ao próximo (caritas)
Com o passar do tempo, sem percebermos, valores neotestamentários e históricos foram desprezados até desaparecê-los. Nos últimos anos a igreja se distanciou consideravelmente dos valores e deveres cristãos em duas linhas paralelas quase irreconciliáveis. Os ‘cristãos’ modernos opinaram por uma ‘linha’ que se afasta com velocidade da ‘fronteira’, da ‘linha de demarcação de Deus.

       GENEBRA E O ESFORÇO MISSIONÁRIO DE JOÃO CALVINO
Pensar em Calvino como responsável por uma elaboração de uma doutrina somente, é sem dúvidas algo muito pequeno e claramente faltoso de conhecimento da vida e obra de Calvino. À medida que conhecemos a doutrina calvinista, fica claro a importância atribuída e comprometimento de Calvino com o cuidado pastoral, a evangelização e visão missionária num tempo onde a opressão ao evangelho era grande operando no radicalismo.[1]

                        Falar de João Calvino é falar de um home segundo o coração de Deus, é fato de desejarmos ver o Senhor Jesus Cristo por trás da vida celebrada. Apreciar esse reformador do século XVI é desejar ver novamente a obra de Cristo na redenção do homem, na vida cristã, no mundo criado e no mundo porvir. O escopo da teologia de Calvino é a união de Cristo com o homem redimido, perdoado e salvo. “Também vemos muito de sua preocupação em glorificar a Deus e edificar a igreja, alcançando os homens perdidos por meio de uma ousada ação missionária e evangelística; consolando o povo de Deus em suas perseguições, por meio de inúmeras cartas que enviava aos crentes da França e de muitos outros lugares; instruindo o povo de Deus por meio de sua incansável ação pastoral, seu vasto trabalho de exposição das Escrituras e sua vigorosa produção de comentários bíblicos”.[2]
                        A ação missionária e evangelística de Calvino em Genebra é de deixar a igreja hodierna envergonhada. O calvinismo é o maior exemplo de empreendimento missionário na história pós-reforma. Quem foram George Whitefield, Charles H. Spurgeon, William Carey, Devid Brainerd, Jonatham Edwards, Ashbel Green Simionton etc senão calvinistas convictos?  A paixão e vocação missionária de Calvino se revelou de várias maneiras:
Muitos conhecem a acusação de que os calvinistas se preocupam somente com doutrina e são indiferentes à evangelização e missão... Calvino evangelizava persistentemente as criança de Genebra, por meio de aulas de catecismo e da Academia de Genebra. Ele treinava pregadores a rogarem aos homens e mulheres que seguissem a Cristo. A visitação na enfermidade prescrevia uma conversa evangelística. Além de uma análise superficial dos sermões de Calvino mostra de imediato um zelo permanente para que homens e mulheres forres convertidos a Cristo.[3]

                        Não se pode separar Calvino da obra missionária, nem ignorar seu modelo evangelístico para a igreja em toda a sua trajetória no prepara e envio de missionários. “88 missionários foram enviados a Genebra. De fato, ouve mais do que cem, e muitos deles foram treinados diretamente por Calvino. Genebra se tornou o irmã de crentes perseguidos, e muitos desses imigrantes foram discipulados e retornaram ao seu país como missionários e evangelistas eficazes”.[4]
                        Quando os tempos de turbulência se acalmaram no ministério do reformador, imediatamente surgiu a oportunidade para expansão missionária intencional e implantação de igrejas. A história mostra que a bênção de Deus repousava sobre a vida e os esforços missionários de Calvino e das igrejas de Genebra., de 155 a 1562, foi extraordinário – “mais de 200 igrejas secretas foram implantadas na França por volta de 1560. Até 1562, o número crescera para 2.150, produzindo mais de 3.000,00 de membros. Algumas dessas igrejas tinham congregações que totalizavam milhares de membros”.[5]
                        Existe o relato histórico de uma correspondência do pastor de Montpelier relatando o grande apogeu missionário decorrente das bênçãos do Senhor: “...nossa igreja, graças a Deus, tem crescido, e continua crescendo tanto a cada dia, que pregamos três sermões aos domingos para mais de cinco ou seis mil pessoas”.[6] Outra Carta do pastor de Toulouse, declarava: “Nossa igreja continua crescendo até ao admirável número de oito ou nove mil almas”.[7] A França, pátria do reformador foi por meio de seu ministério ‘evadida’ por mais de 1.300 missionários treinados em Genebra. Desse esforço missionário nascera a Igreja Huguenote Francesa que quase triunfou sobre a contra reforma católica na França.
Calvino não evangelizou e implantou igrejas somente na França. Os missionários treinados por ele estabeleceram igrejas na Itália, Holanda, Hungria, Polônia, Alemanha, Inglaterra, Escócia e nos estados independentes da Renância. Ainda mais admirável foi uma iniciativa que enviou missionários ao Brasil.[8]
                       
                        O compromisso missionário de Calvino com a evangelização e missão não era teórico, mas, como em todas as outras áreas de sua vida e ministério, era uma questão de atividade zelosa e compromisso fervoroso. 

       11.2. O DESCASO MISSIONÁRIO NO NORDESTE BRASILEIRO

O Projeto Macedônia exerce dentro do contexto calvinista e amor ao próximo uma contribuição necessária para o nordeste brasileiro, assolado por pobreza, idolatria, injustiças, e um completo abandono por parte das autoridades políticas na sua maioria corrupta. Os números apontam para um campo promissor e necessitado da atenção da igreja brasileira, tão preocupada com o restante do mundo, enquanto os filhos da nossa nação morrem de fome e principalmente sem ouvirem a palavra de Deus.[9]
                                                Vimos o esforço missionário e concentrado de João Calvino. Esforço esse que tem reflexo no mundo ainda hoje. Sentimos falta de uma “Genebra’ onde respira missões. Para o reformador genebrino não existia lugar ou pessoa onde a graça de Cristo não pudesse alcançar e restaurar e conduzir a boa ordem. “De fato, a glória de Deus resplandece em todas as criaturas, tanto nas superiores como nas inferiores. Contudo, em nenhum outro lugar essa glória resplandeceu mais intensamente do que na cruz, na qual houve uma admirável mudança de coisas – a condenação de todos os homens foi manifestada, o pecado foi apagado, a salvação, restaurada ao homem; em resumo, todo o mundo foi renovado, e todas as coisas, restaurada à boa ordem”.[10]
                        Nordeste & Missão.[11] O Brasil, mas principalmente o Nordeste é um lugar deixado à própria sorte pela igreja. O Sertão nordestino é a mais próxima e negligenciada fronteira da igreja brasileira. Longe dos olhos, às margens das iniciativas e estigmatizadas como “campo resistente”, centenas de comunidades rurais, onde vivem mais de 11 milhões de pessoas, clamam ano após ano por uma oportunidade relevante de ouvir o Evangelho.
                        Historicamente estas cidades do sertão nordestino têm sido classificadas como “resistentes” ao avanço da igreja evangélica devido à idolatria. Dados do IBGE, contudo, revelam um forte crescimento dos “sem religião” na última década, fazendo com que este grupo já seja o segundo mais numeroso em várias destas pequenas cidades. Juripiranga (9.600 hab.), no agreste Paraibano, com 22% de “sem religião”, é um exemplo.
                        A Paraíba, com 84 municípios com menos de 3% de presença evangélica, é o Estado mais carente do Evangelho no Brasil!
Mas a Paraíba também é estratégica para o avanço do Reino de Deus na região, pois é o centro geográfico do Nordeste. Partindo de João Pessoa, num raio de 700 km, temos 5 outras capitais, vários pólos regionais, como Campina Grande, Mossoró e Caruaru e centenas de pequenas cidades do sertão.
            O Nordeste (principalmente o sertão) é o maior desafio missionário da igreja brasileira. Ao mesmo tempo, por causa da alegria, fibra e criatividade de sua gente, é o maior potencial ainda não mobilizado, da própria igreja, para missões. Veja alguns números.
            É a 2ª região mais populosa do Brasil (52 milhões hab.) e a que possui a menor porcentagem de evangélicos (13%);
                        É onde está a maioria (71%) das cidades menos evangelizadas do Brasil. Das 485 com menos de 3% de presença evangélica, 343 estão no interior nordestino; nessas regiões o protestantismo histórico é praticamente inexististe. Em alguns estados nordestinos o presbiterianismo histórico (IPB) aparece no último relatório do IBGE com uma presença inexpressível. A porcentagem é a menor entre todas as denominações evangélicas existentes.
                        Das 258 tribos indígenas brasileiras, 39 estão no Nordeste e, destas, 29 ainda não têm uma igreja capaz de evangelizar seu próprio povo sem ajuda externa; Das 724 comunidades quilombolas (descendentes de africanos), 523 estão no Nordeste e onde, em sua grande maioria, ainda não existe uma única igreja.
                        Pesquisa etnográfica realizada em 15 de julho de 2013 apresentam ainda os seguintes dados: Cidades do Cariri da Paraíba. São João do Tigre – 5.000 hab. Sumé – 16.000 hab. Prata – 5.000,00 HAB.  São Sebastião do Umbuzeiro – 4.500,00 hab. Congo – 5.500 hab. Ouro Velho – 3.100 hab. Zabelê – 2.500 hab. Serra Branca – 13.000 hab. Amparo – 3.000 hab. Camalaú – 7.000 hab. São João do Cariri – 5.000 hab. Coxixola – 2.200 hab. Total de habitantes apenas nestas cidades: 71.800 habitantes. Estas cidades tem número reduzidíssimo de evangélicos, não tem Igreja Presbiteriana, os poucos ‘evangélicos’ não defendem o evangelho da graça de Deus, estas cidades estão no Cariri paraibano. No entanto, existem muitas outras cidades nos estados do Pernambuco, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte em situações semelhante sem despertar qualquer interesse missionário da igreja hodierna.
                        Muitos outros fatores negativos de ordem – política – social e religiosa estão intrinsecamente ligados ao nordeste brasileiro [Pode-se dizer com segurança que a “África, a Macedônia” (At 16:9) que grita por socorro é logo ali]. Eis o grande paradoxo entre a visão missionária da Igreja em Genebra e a Igreja brasileira.




[1] LIMA, Danilo Eller / Danilo Eller Lima. Diácono da Igreja Presbiteriana do Brasil do Jardim Esperança  – Cabo Frio, RJ. Em cumprimentos a exercícios de recomendações pastorais alusivos a teologia e a diakonia de João Calvino.
[2] Revista Fé para hoje. João Calvino 500 anos. p.1,2. Nº 35 – Nov/2009. Ed. Fiel.
[3] Idem, Ibid, p. 32
[4] Idem, Ibid, p. 33
[5] Idem, Ibid, Op, Cit
[6] Idem
[7] Idem
[8] Idem
[9] LIMA, Danilo Eller / Danilo Eller Lima. Diácono da Igreja Presbiteriana do Brasil do Jardim Esperança  – Cabo Frio, RJ. Em cumprimentos a exercícios de recomendações pastorais alusivos a teologia e a diakonia de João Calvino.
[10] Idem, Ibid, p.33
[11] Pesquisa etnográfica – observador participante. www.projetomacedoniamisael.blogspot.com

segunda-feira, 24 de março de 2014

O HOMEM CRISTÃO NA PESPECTIVA DE DEUS.

 “Procura dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade...” (Êxodo 18:21).
“Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei” (Ezequiel 22:30).
“Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João” (João 1:6).
                   Os textos acima descrevem situações diferentes e de extraordinário valor pedagógico. Na primeira, o povo de Deus necessita de homens de verdade para liderança na condução do povo de Deus.  Na segunda, Deus busca UM HOMEM e não o encontra... Na terceira, Deus encontra UM HOMEM e o envia... Os objetivos de Deus eram os mesmos, tanto em relação ao HOMEM BUSCADO, como em relação ao HOMEM ENVIADO. E estes objetivos ainda hoje prevalecem especialmente, para nós, em relação ao homem cristão. Ao discípulo de Jesus.
                   Deus quer encontrar e enviar homens capazes de aborrecer a avareza, homens capazes de interceder, capazes de ‘por a mão na brecha’. No caso de Ezequiel, o muro estava fendido, havia brechas, havia rachaduras profundas... a nação estava quebrada. Havia grandes rachaduras espirituais, morais e econômicas... E alguém precisava estar ali para ajudar! As crises que se abatem sobre a nação [sobre a igreja] demandam de homens crentes sensibilidade para interceder. É fácil atirar pedras; qualquer irresponsável o faz... É fácil resistir (2 Tm 3:8,9 ). É fácil criticar visando destruir; qualquer medíocre pode fazê-lo... Mas interceder perante Deus, com amor responsável, não é fácil para a maioria! Deus quer encontrar e enviar HOMENS CAPAZES DE APONTAR O VERDADEIRO CAMINHO aos viajores[1] tresmalhados.[2]
                   Lembro-me das palavras de uma jovem presbiteriana antes de sua pública profissão de fé: “Há muito eu buscava o caminho; eu sabia que o caminho existia, só não sabia onde encontrá-lo. Vindo a esta Igreja, eu encontrei o caminho.” Sim, aquela pessoa encontrara a Jesus! É esta a necessidade maior do mundo contemporâneo. E este é o desafio supremo ao homem cristão. Por isso mesmo, nossa oração deve ser no sentido de que o Senhor faça sua vontade[3] em nossas vidas e só assim seremos verdadeiros pescadores de alma, e verdadeiras testemunhas para a glória de Deus na mediação Sacrossanta e suficiente de Jesus Cristo.

Rev. Misael Ferreira de Oliveira
Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil
rev_misael@superig.com.br


[1] Pessoa que viaja. = VIAGEIRO, VIAJANTE...
[2] Perdido, fugido, desgarrado, transviado: ovelha tresmalhada.
[3] A vontade de Deus é boa, agradável e perfeita (Rm 12:2).