Em tempos
de ansiedades avassaladoras, onde fantasmas assustam, supostas ameaçam enxergo,
a insegurança grita, eu preciso aprender a esperar.
Vivendo
na era da velocidade, onde tudo pede pressa, urgências saltitam a minha frente
e embaralham minha vista, a aceleração contínua pressiona e sinto-me
atropelada, eu preciso aprender a esperar.
Na época
onde o instantâneo é exigência básica, o imediatismo comanda desejos e dita
ritmos, quando poucas horas se tornam eternidade angustiante, eu preciso
aprender a esperar.
Numa
sociedade onde o acúmulo é regra, onde conquistas são vitrines, onde ter ou
parecer vale mais do que ser, eu preciso aprender a esperar.
Quando o
contexto é de uma suposta perfeição, onde o belo é padronizado, a ditadura da
moda se instala com força, e o que não está pronto é desprezado, eu preciso
aprender a esperar.
Eu preciso aprender não o desespero da fome, mas a oportunidade de ser saciada e encontrar calmaria.
Eu preciso aprender não o desespero da fome, mas a oportunidade de ser saciada e encontrar calmaria.
Diante de
dias maus que me arrancam lágrimas, que esfolam uma esperança enfraquecida pela
dor prolongada, que furtam o sono que já foi tranquilo, eu preciso aprender a
esperar.
Esperar a
noite da alma passar, o dia amanhecer, os raios de luz mostrarem novas
perspectivas e renovarem os passos outrora cansados.
Eu quero
aprender a esperar, com toda esperança, a alegria que pode vir, que voltará
após o amanhecer.
Esperar
que as lágrimas sejam secadas e que um caminho para novos risos se abram, e a
celebração seja maior que antigos lamentos.
Esperar
por uma volta definitiva, daquele que assegurou-me um novo mundo, falou sobre a
cura das nações, de um brilho eterno, onde não mais haverá espaço para noite,
para assaltos, violências, injustiças, apenas um dia sem fim, sol da
eternidade.
Eu preciso aprender a esperar. Esperar
a libertação das ilusões, esperar a novidade de vida. Enquanto espero,
aprender. Aprender a conhecer e me solidarizar com as noites de tantos.
Aprender com minhas fragilidades e oferecer suporte ao necessitado, não porque
eu seja melhor, mas porque espero o melhor. Nessa esperança me reparto, e sou
misteriosamente acrescida. O que me estimula a aprender melhor, a viver atenta,
a observar as estrelas, os sinais dos tempos, a me aproximar em esperança viva.