Quando pastoreava a Primeira Igreja Batista de Irajá, no Rio de Janeiro, eu era assíduo frequentador do cemitério daquele bairro.Quase uma vez por semana lá estava acompanhando o sepultamento de algum membro ou familiar de membros da igreja., sem contar as vezes que eu tinha de ir a outras necrópoles.
Ao ver os coveiros no seu trabalho sem glória, mas útil, sempre pensava: "Esses homens fizeram da morte a sua rotina de vida. Para eles, descer um esquife à cova e cobrí-lo de terra é apenas o seu meio de vida". Quantas vezes esses homens ouviram testemunhos de pessoas salvas por Jesus nas breves palavras proferidas por pastores à beira das sepulturas, mas isso também era parte da sua rotina de trabalho.
Nunca batizei um coveiro e nunca soube que um deles tivesse aceitado a Cristo. Será que o convívio com a morte torna a alma insensível ao amor de Jesus? Com a mesma insensibilidade, com o mesmo sentido de uma rotina a cumprir, pastores e líderes matam o fervor missionário de uma Igreja, que deve ser uma comunidade missionária por princípio vital, estão cumprindo a lúgubre função de coveiros. Coveiros de igrejas!
Certa vez visitei uma igreja batista na Inglaterra. Ela se reunia em um belo templo para mais de 2.000 pessoas, mas naquele Domingo pela manhã (não se reuniam à noite) havia 32 pessoas presentes. Eu sabia que aquela igreja, um século antes, tinha sido uma poderosa agência missionária que lotava seu grande templo de crentes com grande fervor pela evangelização do mundo. Agora aquela igreja estava morta. No "culto" de que participei, não houve uma oração, nem leitura bíblica, nem qualquer cântico. A mensagem do pastor foi sobre a entrada da Inglaterra no Mercado Comum Europeu e o apelo foi pela lealdade à rainha.
Duas velas permaneceram acesas sobre a mesa da ceia durante os 12 minutos do ritual, dando um pouco mais de realismo à cena funérea que ali transcorria. Senti um profundo pesar por ver uma igreja morta.
Fonte: [Pastor João falcão Sobrinho] Revista A Colheita Ano VIII - N° 41 Setembro/Outubro 20011
Conta-se que havia uma senhora na igreja de Acari, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Quando o pastor da igreja local a encontrava e perguntava: “Como esta senhora?” ela sempre respondia: “Nem cá, nem lá: caminhando pra Irajá” (para o túmulo da sua família localizado no cemitério desse bairro vizinho...).
Perguntaram a um missionário da Sociedade Batista Missionária (BSM, na sigla em inglês): “Por que aquela igreja está morta?” A resposta dele foi estarrecedora. Disse ele: “Aquela igreja, outrora tão viva, morreu porque perdeu a sua visão missionária.” O caminho mais curto para o declínio e morte de uma igreja, é a perda de sua visão missionária.