sábado, 25 de fevereiro de 2012

Coveiros de igrejas

Quando pastoreava a Primeira Igreja Batista de Irajá, no Rio de Janeiro, eu era assíduo frequentador do cemitério daquele bairro.Quase uma vez por semana lá estava acompanhando o sepultamento de algum membro ou familiar de membros da igreja., sem contar as vezes que eu tinha de ir a outras necrópoles.     
Ao ver os coveiros no seu trabalho sem glória, mas útil, sempre pensava: "Esses homens fizeram da morte a sua rotina de vida. Para eles, descer um esquife à cova e cobrí-lo de terra é apenas o seu meio de vida". Quantas vezes esses homens ouviram testemunhos de pessoas salvas por Jesus nas breves palavras proferidas por pastores à beira das sepulturas, mas isso também era parte da sua rotina de trabalho.
Nunca batizei um coveiro e nunca soube que um deles tivesse aceitado a Cristo. Será que o convívio com a morte torna a alma insensível ao amor de Jesus? Com a mesma insensibilidade, com o mesmo sentido de uma rotina a cumprir, pastores e líderes matam o fervor missionário de uma Igreja, que deve ser uma comunidade missionária por princípio vital, estão cumprindo a lúgubre função de coveiros. Coveiros de igrejas!
Certa vez visitei uma igreja batista na Inglaterra. Ela se reunia em um belo templo para mais de 2.000 pessoas, mas naquele Domingo pela manhã (não se reuniam à noite) havia 32 pessoas presentes. Eu sabia que aquela igreja, um século antes, tinha sido uma poderosa agência missionária que lotava seu grande templo de crentes com grande fervor pela evangelização do mundo. Agora aquela igreja estava morta. No "culto" de que participei, não houve uma oração, nem leitura bíblica, nem qualquer cântico. A mensagem do pastor foi sobre a entrada da Inglaterra no Mercado Comum Europeu e o apelo foi pela lealdade à rainha.
Duas velas permaneceram acesas sobre a mesa da ceia durante os 12 minutos do ritual, dando um pouco mais de realismo à cena funérea que ali transcorria. Senti um profundo pesar por ver uma igreja morta.
Fonte: [Pastor João falcão Sobrinho] Revista A Colheita Ano VIII - N° 41 Setembro/Outubro 20011 

Conta-se que havia uma senhora na igreja de Acari, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Quando o pastor da igreja local a encontrava e perguntava: “Como esta senhora?” ela sempre respondia: “Nem cá, nem lá: caminhando pra Irajá” (para o túmulo da sua família localizado no cemitério desse bairro vizinho...).
Perguntaram a um missionário da Sociedade Batista Missionária (BSM, na sigla em inglês): “Por que aquela igreja está morta?” A resposta dele foi estarrecedora. Disse ele: “Aquela igreja, outrora tão viva, morreu porque perdeu a sua visão missionária.” O caminho mais curto para o declínio e morte de uma igreja, é a perda de sua visão missionária.



quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Motivação Missionária

“A maior motivação para a ação missionária é tornar Deus conhecido e levar todos os homens a adorá-lo”(John Piper). “A glória de Deus é a honra concedida a ele pela criatura”. (Jonathan Edwards). "A ciência mais elevada, ou a inquirição mais sublime, ou a sabedoria mais importante que possa ser contemplada pelo verdadeiro cristão é o nome, a natureza, a pessoa, a obra e a existência do grande Deus a quem chamamos Pai" (Spurgeon). "Une-te, pois a Ele, e tem paz, e assim te sobrevirá o bem" [Jó 22.21]. "Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas. Mas o que se gloriar glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor..." [Jeremias 9. 23, 24]. Um conhecimento salvador e espiritual de Deus é a maior de todas as necessidades de cada criatura humana.
O fundamento de todo o conhecimento verdadeiro de Deus só pode ser a clara compreensão mental de Suas perfeições, segundo revelam as Escrituras Sagradas. Não nos é possível servir nem adorar a um Deus desconhecido, nem depositar n'Ele a nossa confiança. Necessitamos de algo mais que um conhecimento teórico de Deus.
 Só conhecemos verdadeiramente a Deus em nossa alma, quando nos rendemos a Ele, quando nos submetemos a Sua autoridade e quando os Seus preceitos e mandamentos regulam todos os pormenores de nossa vida. "Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor..." [Oséias 6.3]. "Se alguém quiser fazer a vontade d'Ele... conhecerá" [João 7.17]. "... o povo que conhece ao seu Deus se esforçará e fará proezas" [Daniel 11.32].
       Nos dias atuais a Igreja tem perdido o senso de majestade e sublimidade do glorioso Deus das Escrituras - e isso de um modo geral. Essa perda tem acontecido quase imperceptivelmente. Verdade é que o cristianismo moderno não está produzindo pessoas tementes a Deus, pessoas que entendam a experiência do profeta Isaías quando disse: "Ai de mim, que vou perecendo! Porque eu sou um homem de lábios impuros..." [Isaías 6.5], ou do rei Salomão quando exclamou: "Ó Senhor Deus de Israel, não há Deus como tu, em cima nos céus nem embaixo na terra" [1Reis 8.23].
            É isso que move todo esforço missionário, todo chamado e sacrifício. É o senso da glória e majestade de Deus que deve levar homens e mulheres a deixarem tudo, seu lar, família, conforto, país, cultura, para lançarem-se na tarefa de anunciar entre as nações a sua glória e entre todos os povos, as suas maravilhas. O salmista, aliás, demonstra no Salmo 147.1 que adorar a Deus deve ser o desejo mais intenso de todo homem.
           Esse é o eixo em torno do qual tem girado o ministério de ensino de John Piper: A realidade de que adorar a Deus e gozar sua presença é o principal tesouro, a grande conquista, a melhor porção, o bem mais precioso, a maior alegria e o prazer mais doce e intenso que o homem pode ter. Sua famosa frase, que diz que “Deus é mais glorificado em nós quando somos mais satisfeitos nele”.
           Concordo com Piper quando diz que “missões não são o alvo final da Igreja. A adoração é. Missões existem porque a adoração não existe. A adoração é o grande alvo, não missões. Porque Deus é o propósito final, não o homem.”
           Um entendimento correto sobre o propósito de Deus na Grande Comissão é necessário se quisermos buscar adoradores que adorem em espírito e em verdade. Se o alvo das missões é tornar Deus conhecido para que os homens o adorem, é preciso então que os homens sejam atraídos a Deus pela mensagem que o próprio Deus encarnado, Jesus Cristo, trouxe á humanidade, o evangelho. Sem o evangelho, os homens não poderão ser salvos e não se tornarão adoradores de Deus. O Pr. Mark Dever foi muito feliz quando disse que “aquilo com que você ganha as pessoas é também aquilo para o que você as ganha. Se você as ganha com o evangelho, elas são ganhas para o evangelho.” Precisamos faze missões com o evangelho. Sem concessões e sem diluí-lo ao gosto humano.
           A igreja tem o chamado para investir na evangelização. Parafraseando John Piper, temos diante de nós três alternativas: ou investimos em missões como “enviadores”, ou investimos em missões como “enviados” ou desobedecemos. A igreja tem a responsabilidade vital de protagonizar este processo de ajuntamento de adoradores. Quando o senso da glória de Deus está cristalizado na convicção mais segura da Igreja, ela realizará o trabalho missionário com confiança, disposição e alegria.
            Cantai ao SENHOR, bendizei o seu nome; proclamai a sua salvação, dia após dia. Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas. Porque grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado. Salmo 96.2-4.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Ashbel Green Simonton - Exemplo de vocação missionária!

Na manhã do dia 18 de junho de 1859, despediu-se, no porto de Baltimore, de sua mãe e de seu irmão Jonh que o acompanharam até o navio. Sua mãe escreveu no diário dela naquela ocasião: “É difícil separar-se daqueles que talvez não vejamos mais na terra. Mas quando penso no valor das almas imortais que se estão perdendo pela falta do Evangelho puro... Recomendo você com oração e lágrimas ao Senhor, que tudo faz para o bem”.
Oraram fervorosamente por ele e em seguida embarcou num navio à vela chamado Banshee, rumo ao Brasil. Estava deixando para trás sua pátria, família e amigos, muitos dos quais não mais veria nesta terra. Foram 55 dias de viagem, mas desembarcou, finalmente, no porto da capital do Brasil, o Rio de Janeiro, no dia 12 de agosto daquele ano.“A maior motivação para a ação missionária é tornar Deus conhecido e levar todos os homens a adorá-lo. É isso que move todo esforço missionário, todo chamado e sacrifício. É o senso da glória e majestade de Deus que deve levar homens e mulheres a deixarem tudo, seu lar, família, conforto, país, cultura, para lançarem-se na tarefa de anunciar entre as nações a sua glória e entre todos os povos, a suas maravilhas”. (John Piper).
12 de agosto de 1859, manhã de sexta-feira: um jovem missionário, de 26 anos, chegava a um país grandioso, imperial, reinado por dom Pedro II. “É um lugar lindo, o mais singular e radiante que jamais vi (...) estou pronto para desembarcar”.
À entrada do Rio de Janeiro pôde avistar o Pão de Açúcar e o Corcovado. “Sentiria dificuldade em descrever a emoção que tomou conta de mim ao ver aqueles picos altaneiros dos quais tenho ouvido falar e lido tantas vezes, os quais me dizem que a viagem terminou e cheguei ao meu novo lar e campo de trabalho”.

Descrevendo com precisão seu novo campo de trabalho!
sexta-feira dia 12 de agosto de 1859, 9 horas e 30 minutos.
“Tenho estado, desde as quatro horas, observando a entrada de navios no porto, onde estarão ao abrigo do vento e da maré. Belo lugar, o mais original e notável que jamais vi. Pela beleza, sublimidade, segurança, que contra os ventos, quer contra as ondas, e pela possibilidade de defesa contra os ataques por mar e por terra, um porto assim é quase inconcebível. A baia se estende em volta, guardada por ilhas curiosamente pasmadas, de rochas altas e sólidas, como se fossem ovos com uma ou outra ponta à mostrar. Em cumes aqui e ali, gripam-se igrejas e alegres vivendas (habitações mais ou menos suntuosas). Uma delas é mesmo como pombal no topo de campanário: de certo terá mais de duzentos metros de altura. A entrada da baia é de meia milha de largura: num dos lados há ousada promontório (cabo formado de rochas elevadas) e o Forte Santa Cruz, ali encravado, com pesados canhões pelas encostas: noutra, a torre do Pão de Açúcar, com mais de trezentos metros de altura. Estamos ainda no colo de grande enseada, aproveitando cada minuto, a olhar ora do lado do forte, ora do outro, à distância de um tiro de pedra do Pão de Açúcar. A água é de tal profundidade que o cuidado do timoneiro não será o de evitar que o mastro transversal toque num ou noutro flanco. A cidade jaz a duas milhas de nós, em grande extensão de colinas altas e de montanhas. Já me desfiz da indumentária marítima: dei-a ao camareiro que me prestou bons serviços na viagem. Estou pronto para o desembarque.”

 Frases de Ashbel Green Simonton:
“Sinto-me encorajado pelo aspecto das coisas e esperançoso com o futuro. Existem indicações de que um caminho está sendo aberto aqui para o Evangelho” (Em 31/08/1859).
“Peço a Deus paciência, fé, submissão e preparo paro o pior. Deus é sábio e não faz mal. Cristo está com aqueles que obedecem à Sua vontade...” (Em 28/04/1860).
“É preciso haver entendimento e também fervor, pois se o coração tiver calor sem luz, nada de divino ou celestial haverá nele. Por outro lado, a luz sem calor, uma mente repleta de noções e especulações com o coração frio e indiferente, também nada terá de divino”.
“As grandes verdades da revelação e o estudo das doutrinas mais difíceis da Bíblia têm ocupado a minha atenção e despertado profundo interesse, mas tenho negligenciado excessivamente o cultivo do coração e de uma piedade pessoal e vital”.
“Quanta verdade especulativa eu aceito, que não exerce qualquer influência controladora em meus princípios e motivos”.
 “A própria pressão e a atividade da vida exterior têm empanado a minha comunhão com aquele para quem esses mesmos serviços são feitos. Quantas vezes minhas devoções são formais e apressadas, ou perturbadas por pensamentos de planos para o dia! E pecados, muitas vezes confessados e lamentados, têm mantido seu poder sobre mim. Quem me dera um batismo de fogo que consumisse minhas escórias! Quem me dera um coração totalmente para Cristo!”