Programa de Administração
Missionária
“A serviço dos santos pobres” (Rm 15:25,26)
“recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres; o que também procurei fazer com
diligência” (Gl 2:10).
“Mas, agora, estou de partida para
Jerusalém, a serviço dos santos. Porque aprouve à Macedônia e à Acaia levantar
uma coleta em benefício dos pobres
dentre os santos que vivem em Jerusalém.”
(Romanos 15:25-26).
“Por causa da opressão dos pobres e do gemido dos necessitados, eu me levantarei agora, diz o
SENHOR; e porei a salvo a quem por isso suspira” (Salmo 12:5).
“Acaso não é este o jejum que
escolhi? que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do
jugo? e que deixes ir livres os oprimidos, e despedaces todo jugo?
Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em
casa os pobres desamparados? que vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua
carne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente
brotará, e a tua justiça irá adiante de ti; e a glória do Senhor será a tua
retaguarda”. (Isaías 58:6-8).
O MODELO MACEDÔNIO para a missão
integral da igreja juntando ortodoxia e ortopraxia tem suas raízes
aprofundadas nos Sagrados Escritos do Antigo Testamento (Sl 12:5;Is 58:5-10
Ne 1), no ministério terreno de Jesus (Lc 4:18; 6:38), nas atividades diárias
da Igreja Primitiva (At 2:42-46; 4:32-34), com o seu apogeu na teologia e
ministério do apóstolo Paulo (2 Co 8:3-5; 9:6-11; Gl 2:10; Fp 4:10-19;1 Tm
6:6,17-19) exarados nos Sagrados Escritos do Novo Testamento. “As
advertências de Paulo baseiam-se no pressuposto de que um mundo de grande
desigualdade material é um mundo que é dominado por falsos deuses, por fontes
vazias de segurança (1ª Tm 6:7,17). Se os ricos observassem o seu ensino, eles
deixariam de ser ricos, e os pobres deixariam de ser pobres” (V. Ramachandra –
A Falência dos deuses, p, 63).
Por volta de 700 a.C. Isaías já trazia temas
sobre injustiças sociais, roubos e perjuro dos mais ricos contra os pobres que
hoje nos são tão familiares, especialmente por vivermos na América Latina, onde
a desigualdade social e problemas vinculados à pobreza são tão conhecidos. O
profeta insistia nesse tema desde o inicio de seu ministério (Is 1:17,23; 3:5;
5:1-30 – Os dias de Isaias são semelhantes aos nossos, onde os defensores dos
pobres não deveriam mais ser encontrados na cidade). A diferença dos dias
atuais, é que outros profetas se uniram ao mesmo lamento e imprecações contra
os pecados cometidos contra o próximo (Os 6:4-6; Am 5:23-24; Mq 6:6-8). Se tem
um efeito que Deus espera na conduta cristão diária é uma sensibilidade maior
para com os pobres. O culto que agrada a Deus tem sua base em Isaías 58 e
Mateus 25:31-46.
Por quase todo o transcurso da história, os
grandes pensadores e pregadores da Igreja Cristã têm afirmado os direitos
econômicos dos pobres: Ambrósio, João Crisóstomo, Basílio de Cesaréia e muitos
outros grandes vultos da história, não apenas trouxeram à lembrança a relativa
“boa ação” do dever da caridade para com os pobres, mas também insistiram no
direito de acesso, pelo pobre, a adequados meios de sustento.
A história nos fala de Santo Agostinho - bispo
de Hipona: “Ele vive em comunidade, tentando seguir o ideal das
primeiras comunidades cristãs, na pobreza e na partilha. A comunidade eclesial
de Hipona estava formada em sua grande maioria por pobres. Agostinho se fazia a
voz destes pobres, falando por eles na Igreja, indo até as autoridades para
interceder por eles e ajudando-os naquilo que podia. Entre as funções que o
bispo tinha estava a de administrar os bens da Igreja e repartir o seu
benefício entre os pobres, também a de acolher os peregrinos, ser protetor dos
órfãos e viúvas... Agostinho realiza todas elas como um serviço aos pobres e à
Igreja”.
Patrística: Homilia sobre Lucas 12:16-21).
Os reformadores do séc. XVI não se esquivaram
desde ministério. Em muitas oportunidades, João Calvino condenou severamente a ganância e a insensibilidade dos ricos, porque ele
estava preocupado com que as dádivas de Deus fossem usadas para o benefício de
toda a comunidade do povo de Deus. Graham argumenta que não foi ao ascetismo
que Calvino conclamou os ricos de Genebra, mas à regra do amor:
“De fato, se existe um tema central no pensamento social e econômico de Calvino, é que a riqueza vem de Deus a fim
de ser utilizada para auxiliar os
nossos irmãos”. Um dos textos
que João Calvino utiliza mais frequentemente
nos seus escritos e ensinos é o
apelo de Isaías ao homem rico de Israel: “… e não te escondas do teu semelhante”
(58:7), que ele interpreta como uma referência ao “teu pobre”. Em outro sermão,
ele pondera: “Deus mistura os ricos e os
pobres para que eles possam
encontrar-se e ter comunhão uns com os outros, de modo que os pobres
recebam e os ricos repartam”. Os pobres são irmãos e devem ser tratados como tais. Graham
pondera: “Não existe uma beneficência fria no plano calvinista; a beneficência
deve ser praticada com compaixão”. A contribuição não deve ser uma expressão de
legalismo, mas de espontaneidade e
liberalidade (2 Co 9:7).
O que está acontecendo com a gente? O que está acontecendo com a Igreja nos
últimos dias? Por que deliberadamente se afastou tanto dessa missão? Assumindo
uma conduta tão contrária a do próprio Senhor Jesus (Mt 25:31-46; Lc 4:18; At
10:38). Por que os pobres não despertam mais nenhum interesse para a igreja? “...
essa gente tão igual a nós está só porque passamos longe demais!” (G. Logos). A
razão pode ser sintomática e diagnosticada nas palavras do Pr. Carlos Queiroz:
“A falta de pão na mesa do pobre pode ser uma denuncia da falta de
espiritualidade no altar dos cristãos... tem havido muita contradição entre a
mesa do pobre e o altar suntuoso dos cristão – a falta de pão na primeira pode
ser uma denúncia da ausência da espiritualidade no segundo”.
Rev. Misael Ferreira de Oliveira.
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