sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

MODELO MACEDÔNIO – II


Programa de Administração Missionária
“A serviço dos santos pobres” (Rm 15:25,26)


“recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres; o que também procurei fazer com diligência” (Gl 2:10).
“Mas, agora, estou de partida para Jerusalém, a serviço dos santos. Porque aprouve à Macedônia e à Acaia levantar uma coleta em benefício dos pobres dentre os santos que vivem em Jerusalém.” 
(Romanos 15:25-26).
“Por causa da opressão dos pobres e do gemido dos necessitados, eu me levantarei agora, diz o SENHOR; e porei a salvo a quem por isso suspira” (Salmo 12:5).
“Acaso não é este o jejum que escolhi? que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo? e que deixes ir livres os oprimidos, e despedaces todo jugo?  Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desamparados? que vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?  Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti; e a glória do Senhor será a tua retaguarda”. (Isaías 58:6-8).
O MODELO MACEDÔNIO para a missão integral da igreja juntando ortodoxia e ortopraxia tem suas raízes aprofundadas nos Sagrados Escritos do Antigo Testamento (Sl 12:5;Is 58:5-10 Ne 1), no ministério terreno de Jesus (Lc 4:18; 6:38), nas atividades diárias da Igreja Primitiva (At 2:42-46; 4:32-34), com o seu apogeu na teologia e ministério do apóstolo Paulo (2 Co 8:3-5; 9:6-11; Gl 2:10; Fp 4:10-19;1 Tm 6:6,17-19) exarados nos Sagrados Escritos do Novo Testamento. “As advertências de Paulo baseiam-se no pressuposto de que um mundo de grande desigualdade material é um mundo que é dominado por falsos deuses, por fontes vazias de segurança (1ª Tm 6:7,17). Se os ricos observassem o seu ensino, eles deixariam de ser ricos, e os pobres deixariam de ser pobres” (V. Ramachandra – A Falência dos deuses, p, 63).
 Por volta de 700 a.C. Isaías já trazia temas sobre injustiças sociais, roubos e perjuro dos mais ricos contra os pobres que hoje nos são tão familiares, especialmente por vivermos na América Latina, onde a desigualdade social e problemas vinculados à pobreza são tão conhecidos. O profeta insistia nesse tema desde o inicio de seu ministério (Is 1:17,23; 3:5; 5:1-30 – Os dias de Isaias são semelhantes aos nossos, onde os defensores dos pobres não deveriam mais ser encontrados na cidade). A diferença dos dias atuais, é que outros profetas se uniram ao mesmo lamento e imprecações contra os pecados cometidos contra o próximo (Os 6:4-6; Am 5:23-24; Mq 6:6-8). Se tem um efeito que Deus espera na conduta cristão diária é uma sensibilidade maior para com os pobres. O culto que agrada a Deus tem sua base em Isaías 58 e Mateus 25:31-46.
 Por quase todo o transcurso da história, os grandes pensadores e pregadores da Igreja Cristã têm afirmado os direitos econômicos dos pobres: Ambrósio, João Crisóstomo, Basílio de Cesaréia e muitos outros grandes vultos da história, não apenas trouxeram à lembrança a relativa “boa ação” do dever da caridade para com os pobres, mas também insistiram no direito de acesso, pelo pobre, a adequados meios de sustento.
 A história nos fala de Santo Agostinho - bispo de Hipona: Ele vive em comunidade, tentando seguir o ideal das primeiras comunidades cristãs, na pobreza e na partilha. A comunidade eclesial de Hipona estava formada em sua grande maioria por pobres. Agostinho se fazia a voz destes pobres, falando por eles na Igreja, indo até as autoridades para interceder por eles e ajudando-os naquilo que podia. Entre as funções que o bispo tinha estava a de administrar os bens da Igreja e repartir o seu benefício entre os pobres, também a de acolher os peregrinos, ser protetor dos órfãos e viúvas... Agostinho realiza todas elas como um serviço aos pobres e à Igreja”.
"O pão que você guarda consigo pertence ao faminto; o agasalho que você deixa dentro do seu armário, ao desnudado; os sapatos que você possui e que estão apodrecendo, ao que está descalço; o ouro que você tem muito bem guardado, ao necessitado. Portanto, todas as vezes que você teve condições de ajudar alguém, e recusou-se a isso, você então lhes fez um mal" (Vinoth Ramachandra sitando o grande pai da Capadócia, Basílio da Cesaréia em: “A Falência dos deuses” p. 64 - ABU editora. - Ver também: Patrística: Homilia sobre Lucas 12:16-21).
 Os reformadores do séc. XVI não se esquivaram desde ministério. Em muitas oportunidades, João Calvino condenou severamente a ganância e a insensibilidade dos ricos, porque ele estava preocupado com que as dádivas de Deus fossem usadas para o benefício de toda a comunidade do povo de Deus. Graham argumenta que não foi ao ascetismo que Calvino conclamou os ricos de Genebra, mas à regra do amor: “De fato, se existe um tema central no pensamento social e econômico de Calvino, é que a riqueza vem de Deus a fim de ser utilizada para auxiliar os nossos irmãos”. Um dos textos que João Calvino utiliza mais frequentemente nos seus escritos e ensinos é o apelo de Isaías ao homem rico de Israel: “… e não te escondas do teu semelhante” (58:7), que ele interpreta como uma referência ao “teu pobre”. Em outro sermão, ele pondera: “Deus mistura os ricos e os pobres para que eles possam encontrar-se e ter comunhão uns com os outros, de modo que os pobres recebam e os ricos repartam”. Os pobres são irmãos e devem ser tratados como tais. Graham pondera: “Não existe uma beneficência fria no plano calvinista; a beneficência deve ser praticada com compaixão”. A contribuição não deve ser uma expressão de legalismo, mas de espontaneidade e liberalidade (2 Co 9:7).
O que está acontecendo com a gente?  O que está acontecendo com a Igreja nos últimos dias? Por que deliberadamente se afastou tanto dessa missão? Assumindo uma conduta tão contrária a do próprio Senhor Jesus (Mt 25:31-46; Lc 4:18; At 10:38). Por que os pobres não despertam mais nenhum interesse para a igreja? “... essa gente tão igual a nós está só porque passamos longe demais!” (G. Logos). A razão pode ser sintomática e diagnosticada nas palavras do Pr. Carlos Queiroz: “A falta de pão na mesa do pobre pode ser uma denuncia da falta de espiritualidade no altar dos cristãos... tem havido muita contradição entre a mesa do pobre e o altar suntuoso dos cristão – a falta de pão na primeira pode ser uma denúncia da ausência da espiritualidade no segundo”.
Rev. Misael Ferreira de Oliveira.

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